16/08/2011

Atividade Física e Estresse Oxidativo

Atividade física regular associada a uma dieta balanceada pode ser um importante fator para a promoção da saúde, prevenindo doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, hipertensão, câncer. Porém, atividade física intensa pode induzir inflamação, lesões, fadiga crônica, anemia, envelhecimento.

Independentemente da atividade física praticada, algumas pessoas têm dificuldade em obter um bom rendimento e até relatam falta de disposição e dificuldade em emagrecer. Vários fatores podem estar contribuindo para isto, dentre eles, o estresse oxidativo, definido como um desequilíbrio entre produção excessiva de radicais livres e a redução das defesas antioxidantes. O músculo em contração aumenta a produção de radicais livres e o exercício intenso e prolongado resulta em dano oxidativo. E o que são os Radicais Livres?


Os radicais livres são átomos ou moléculas com 1 ou mais elétrons desemparelhados na sua última camada de valência. No próprio metabolismo do oxigênio, tanto para a produção de ATP (energia) como para o funcionamento da cadeia respiratória, há produção de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) – que engloba tanto os radicais livres quando outras espécies não radicalares derivadas do oxigênio, como o peróxido de hidrogênio, entre outros.

Durante a atividade física há aumento no consumo de oxigênio pela mitocôndria, tanto para movimentação de músculos quanto pelo aumento da freqüência cardíaca e, pelo aumento da demanda energética, mais EROs são produzidas. Altos níveis de EROs podem causar injúria às proteínas musculares, lipídios, DNA, diminuindo a produção de força. O estresse oxidativo gerado pelo exercício pode fazer com que as EROs iniciem a oxidação de lipoproteínas (como a LDL-colesterol), a oxidação de proteínas sanguíneas e estruturais, alterando suas funções, podendo até levar a mutações no DNA.

Os exercícios aeróbicos de alta intensidade, como corrida, ciclismo e natação, aumentam o volume de oxigênio (VO2), o que pode levar ao aumento dos radicais livres.

Já os exercícios anaeróbicos, como os de resistência, salto, explosão etc, aumentam a produção de radicais livres pelo aumento de ácido lático, acidose, inflamação pós-exercício e também pela produção de xantina oxidase, através do mecanismo de Isquemia e Reperfusão, em que a hipóxia cria condições ideias para a produção de radicais livres após a reoxigenação.  


Apesar de tudo isso, nosso organismo possui mecanismos de defesa contra a ação prejudicial do excesso de EROs,  que são os antioxidantes. A definição de antioxidante é: qualquer substância que, presente em baixas concentrações quando comparada a do substrato oxidável, atrasa ou inibe a oxidação deste substrato de maneira eficaz. Sendo assim, os antioxidantes podem ser classificados em:

ü     Antioxidantes endógenos: que podem ser enzimas antioxidantes (SOD, catalase, GSH-Px) e compostos não enzimáticos (ácido lipóico, Coenzima Q10, albumina, ácido úrico);
ü     Antioxidantes exógenos: que podem ser adquiridos pelo alimento ou suplementação, como é o caso das vitaminas C, E, betacaroteno, flavonóides, zinco, selênio, etc.

Nossas defesas antioxidantes têm um alto grau de atividade. Durante a atividade física, o organismo tenta aumentar o suporte antioxidante para diminuir o estresse oxidativo, na tentativa de manter a homeostase celular. Além disso, uma alimentação saudável e rica em compostos antioxidantes é fundamental para auxiliar na defesa do organismo.

Muitas pessoas fazem uso equivocado de suplementos antioxidantes, seja por suplementação isolada, sem orientação e, até mesmo usando doses prejudiciais. O excesso de vitamina C isolada gera o radical livre tocoferil, que também é prejudicial.  Assim como o excesso de vitamina E é prejudicial em excesso, pois gera o radical livre ascorbil. A regeneração do tocoferil é feita também pelos carotenóides, pela Coenzima Q10, pela glutationa. Há um complexo mecanismo antioxidante de regeneração de radicais livres que necessita estar equilibrado.   

Alguns estudos mostram que a redução da produção de radicais livres por meio de suplementação de antioxidantes pode proteger o músculo esquelético de danos oxidativos e retardar a fadiga durante o exercício prolongado. Cabe ressaltar que o estresse oxidativo induzido pelo exercício é transitório.

Alguns alimentos estudados que são ricos em antioxidantes e que podem auxiliar no desempenho físico são: chá verde, cacau, frutas vermelhas, limão.



A suplementação de antioxidantes também pode levar a diferentes resultados, dependendo da faixa etária. Para cada caso, é necessário cautela e orientação adequada. E nunca se esquecer da individualidade bioquímica (cuidado com as alergias e intolerâncias alimentares), afinal o que é bom para um, pode não ser bom para o outro!



CHAVES, D.F.S. Utilização de antioxidantes na prática esportiva. Rev Bras Nutr Func; 48: 27-33, 2010.
SOARES, C.S. Alimentação e suplementação em praticantes de atividade física. Rev Bras Nutr Func; 47;30-37, 2010.



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