22/08/2011

Alérgenos alimentares: sinais ocultos

Interessante matéria sobre alergias alimentares na Revista Pesquisa Fapesp com o título: Alergias perturbam o humor. Mais do que simples irritação, sensibilidade exacerbada a alimentos provoca ansiedade.

Os especialistas em alergias tradicionais acreditam que as alergias causem principalmente problemas gastrointestinais, respiratórios e de pele. Em geral, não acreditam que as alergias causem sintomas mentais, como depressão, ansiedade, autismo, esquizofrenia, déficit de atenção, hiperatividade entre outros. Embora muita atenção tem sido dada ao assunto, com estudos, pesquisas e publicações, a polêmica gira principalmente em torno da definição da palavra “alergia”.

Por muito tempo a maioria das hipersensibilidades alimentarem eram associadas aos anticorpos IgE (conhecida como reação alérgica imediata – ou reação de hipersensibilidade do tipo I). Porém, o anticorpo de maior relevância nos processos inflamatórios é o IgG (que causa reação alérgica tardia – ou  reação de hipersensibilidade do tipo III) e envolve as doenças desencadeadas por macromoléculas, relacionado com o desenvolvimento de alergias alimentares escondidas.

Hipersensibilidades alimentares ou Reações adversas aos alimentos são denominações empregadas para qualquer reação anormal à ingestão de alimentos ou aditivos alimentares, independente da sua causa e podem ser classificadas em tóxicas e não tóxicas.  

Reações adversas tóxicas: ocorrem devido a fatores próprios do alimento, como agentes tóxicos (ex: histamina presente em peixes) ou substâncias farmacologicamente ativas (ex: tiramina presente em queijos envelhecidos ou a octopamina presente em frutas cítricas).

Reações adversas não tóxicas: podem ser resultados de: intolerância alimentar (hipersensibilidade alimentar não alérgica) ou de alergia alimentar.

Sendo que alergias alimentares são reações adversas mediadas pelo sistema imunológico, que incluem reações onde há ou não a intermediação da imunoglobulina E (IgE), mas sempre há o envolvimento celular. Na intolerância alimentar, não há envolvimento de qualquer mecanismo imunológico. Um exemplo é a intolerância à lactose por deficiência da enzima lactase.

Na matéria que saiu na Revista Pesquisa FAPESP, pesquisadores relataram que, além dos sistemas circulatórios, gastrointestinal e respiratório; o sistema nervoso central e o endócrino também participam do mecanismo que envolve o processo alérgico. Ou seja, o cérebro é afetado pelas reações alérgicas e, por sua vez, as influencia.

Foi realizado um estudo experimental em que camundongos eram expostos repetidas vezes ao alérgeno alimentar e foi observado que as crises alérgicas afetavam o comportamento dos animais. O objetivo do experimento foi tornar os animais sensíveis ao ovo. Desta forma, os animais foram colocados em uma gaiola com dois tipos de bebidas disponíveis: água pura e água açucarada contendo ovoalbumina (proteína causadora de alergia). Os animais sem alergia preferiam a água açucarada. Já os animais alérgicos, apesar de terem tomado das duas águas, voltaram a consumir a água pura, pois apresentaram sinais de alergia pelo consumo da água açucarada.

Outros estudos foram realizados e os pesquisadores observaram que os animais alérgicos se mostravam mais ansiosos do que os sem alergia. E isso permitiu evidenciar que pessoas com alergia a alimentos são mais ansiosas e depressivas do que as não alérgicas.

O mais interessante é que o cérebro é facilmente enganado. Os animas alérgicos foram capazes de consumir ovoalbumina em demasia, sem ao menos perceber os sinais negativos do alimento. Daí fica a dica: será que somos viciados em certos alimentos e não percebemos? E quando ficamos sem comer “tal” alimento, logo ficamos loucos para consumi-los novamente? Muitas vezes consumimos determinados alimentos que nos fazem mal, e esse comportamento alimentar gera um vício. Essas substâncias estranhas podem causar excitação cerebral, prazer e até mesmo euforia, para num momento posterior, levar a depressão, letargia, estabelecendo a relação de dependência.   


É necessário, portanto, que haja uma dessensibilização no organismo, medida que força o organismo a se adaptar aos poucos a compostos, em geral proteínas, que inicialmente o organismo reconhece como estranho ao corpo e nocivo. Os alimentos mais comuns são: leite, ovo, trigo e soja.

A matéria da Revista Pesquisa FAPESP cita que, seguido do leite estão: peixes, frutos do mar, ovos, amendoim, castanhas, trigo e soja. E está crescendo também a alergia a outros alimentos que antes pareciam inofensivos, como a cenoura, salsão, maçã, pêra e kiwi. E o caso mais surpreendente, citado na matéria, é o da mandioca.

Pela dificuldade do diagnóstico, muitas vezes as hipersensibilidades alimentares são confundidas com outras doenças, ou seja, podendo provocar sintomas relacionados a doenças específicas. Por exemplo, pode existir uma hipersensibilidade que cause otite, sinusite, porém não adianta ser tratada como otite ou sinusite se não for tirado o alérgeno que a provocou.

Alguns SINAIS E SINTOMAS da associação entre as reações de hipersensibilidade do Tipo I e III, visto que os dois tipos de hipersensibilidades podem coexistir:

- obesidade, magreza, resistência à insulina, anorexia, bulimia, gastrite, rinite, colite, sinusite, otite, labirintite, celulite, cistite, tendinite, náuseas, flatulência, vômitos, cefaléia, enxaqueca, convulsão, diabetes, inflamação, hiperatividade, distúrbio de concentração, depressão, ansiedade, irritabilidade, comportamento anti-social, síndrome do pânico, acne, eczema, queda de cabelo, TPM, dermatite, mãos e pés ressecados, caspa, olheiras, olhos inchados, língua rachada e/ou branca, insônia, sonolência, fadiga, dores musculares e articulares, doenças auto-imunes, artrite reumatóide, tireoidite, esclerose múltipla, lúpus, doença de Crohn, fibromialgia, esquizofrenia, autismo, entre muitos outros. 

Cada organismo pode ter um tipo de manifestação, dependendo de como está o sistema imune e de como se apresenta a permeabilidade intestinal. O assunto é amplo. Aos poucos serão introduzidos outros conceitos e dicas.  

CARREIRO, D.M. Alimentação, problema e solução para doenças crônicas. 1ª Ed. São Paulo, 2007.
ZORZETTO, R. Alergias perturbam o humor: mais do que simples irritação, sensibilidade exacerbada alimentos provoca ansiedade. Pesq. Fapesp, v.186, p. 40-46, 2011.

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