28/07/2011

As 4 garrafas da atualidade!

Recebi um email com o título: A vida resume-se em 4 garrafas...

Achei fantástico, pois retrata bem a realidade atual.



1. Cada vez mais as crianças são introduzidas precocemente ao leite de vaca em substituição do leite materno. Diversos estudos mostram a relação do leite e derivados com processos alérgicos por diversos mecanismos imunológicos, ou seja, alergias mediadas por IgE, clássica e normalmente com reações imediatas. Existe também a questão da biodisponibilidade de cálcio que é baixa, a alteração da permeabilidade intestinal, promoção de disbiose, liberação de substâncias pró-inflamatórias e inúmeros ouros problemas relacionados. Falar de leite é assunto para um livro inteiro, pois há muitas patologias relacionadas com o consumo freqüente dos alérgenos do leite. Uma sugestão é ler o livro: “Leite: Alimento ou Veneno” do escritor Robert Cohen. 

2. Refrigerante é outra problemática na sociedade atual. Completamente artificial e, embora a fórmula exata seja um segredo industrial protegido por várias patentes, é um produto rico em açúcar, aromatizantes naturais, água gaseificada, cafeína, extrato de Noz de cola, corante caramelo IV, acidulante Ácido Fosfórico (INS 338) entre outros. A versão Light  é um pouco pior. São os mesmos ingredientes mais os edulcorantes artificiais: aspartame  e acessulfame de potássio, conservador benzoato de sódio e regulador de acidez citrato de sódio. Já a Coca-Zero, se diferencia da Light pelo acréscimo de ciclamato de sódio, além dos outros edulcorantes acessulfame de potássio e aspartame. Quando nos preocupamos com a nutrição celular, nos damos conta da presença de tantos produtos com fatores antinutricionais, que competem pela absorção com os nutrientes, ou mesmo aumentam a excreção urinária e fecal destes.

3. Todas as bebidas alcoólicas são altamente calóricas (especialmente as destiladas) e, além disso, roubam muitos nutrientes do organismo, como vitaminas e minerais. O consumo excessivo do álcool está relacionado com o envelhecimento celular; redução da produção de muco no estômago, o que favorece o desenvolvimento de gastrite/úlcera; geração de radicais livres; degeneração hepática entre outros. O fígado é o nosso filtro, órgão responsável pela destoxificação de xenobióticos (drogas, medicamentos e outras substâncias químicas).  

Como tudo na vida, vale o preceito da moderação e do bom-senso! A alimentação é um dos fatores comportamentais que mais influencia a nossa qualidade de vida e a falta de proporção entre os nutrientes essenciais promove o desenvolvimento de problemas crônicos. Caso não sejam tratados adequadamente, resultarão em desequilíbrios físicos, mentais, emocionais e estruturais.

26/07/2011

Manteiga faz mal, margarina faz bem?

Mitos sobre alimentação 5


Pelo fato de não conter colesterol, as pessoas preferem a margarina à manteiga. Porém, o fato de não conter colesterol não faz da margarina um produto mais saudável que a manteiga.

 A margarina é uma gordura de origem vegetal que precisa ser hidrogenada artificialmente para ficar sólida. E nesse processo há formação de ácido graxo trans, que é altamente prejudicial e tóxico, podendo inclusive aumentar o colesterol. O processo de hidrogenação confere mais firmeza ao produto, alterando a composição original do óleo vegetal. Ocorre alteração na consistência, aparência, volume, sabor e cheiro. O ranço, por exemplo, ocorre mais rapidamente nas gorduras insaturadas e a hidrogenação confere à margarina maior tempo de conservação. A margarina contém ainda elementos emulsificantes, como lecitina, mono e diglicerídeos; agentes conservadores, como o ácido benzóico e benzoatos; antioxidantes; corantes vegetais; aromatizantes. O teor de ácido graxo da margarina é diferente do da manteiga. Do ponto de vista nutricional, é altamente indesejável!!!  

A manteiga, ao contrário da margarina, é pobre em ácido graxo trans, porém contém ácidos graxos saturados. Apesar disso, a manteiga possui ácido butírico, substância que ajuda na prevenção do câncer intestinal e não contém gordura trans, presente nas frituras comercializadas, produtos de panificação, lanches salgados. A manteiga é diferente dos outros derivados do leite. Contém entre 81 a 84% da gordura do leite, uma pequena quantidade de sais minerais e menos de 1% de proteínas. Por isso, quando se restringe o leite de derivados de pacientes que não toleram a proteína do leite (e não a lactose!!) a manteiga é liberada.

É possível que haja associação entre o consumo de gordura trans, dislipidemias, diabetes tipo 2 e maior risco de doenças cardíacas. Além disso, a gordura trans está envolvida nos problemas intestinais, hormonais, diminuição da imunidade, ação pró-inflamatória e, com isso, o surgimento de cólicas menstruais, dores nas juntas, nas costas, dor de cabeça, enxaquecas entre outros.

Os níveis elevados de gorduras saturadas e trans na alimentação atual aumentam a necessidade de gorduras essenciais (ômega-3, ômega-6), podendo explicar o aumento de doenças associadas à deficiência desses ácidos graxos.  A gordura trans ocupa o mesmo espaço das gorduras essenciais, mas não exercem a mesma função, danificando as membranas celulares.  

Gordura trans está presente não só na margarina, mas também em hambúrgueres, batatas fritas, salgadinhos, molhos prontos, sorvetes, recheios de bolos, caldo de carne, tortas, produtos industrializados como pizzas, lasanhas e etc.

Uma alternativa para a substituição da margarina poderia ser a pasta de tofu feita com ervas (ou azeitonas, tomate seco, manjericão); o azeite de oliva extra-virgem e o óleo de côco extra-virgem. É importante ter em mente que cada caso é um caso. Se a pessoa não tem problema de dislipidemia, pode até utilizar a manteiga, sem exagero. Ou se não é alérgica a soja, pode consumir o tofu temperado.  

Dica: Que tal aprender a ler rótulo dos alimentos? O que acontece muitas vezes com os rótulos dos alimentos é que a informação nutricional é dada por porção, que geralmente é pequena (por exemplo: 1 colher de sopa ou 10g de algum produto) e a quantidade de gordura trans acaba não aparecendo no rótulo. Os alimentos que não atingem o valor mínimo estabelecido - 0, 2 grama por 100 gramas - são considerados livres pela lei de rotulagem. Mas se você ler atentamente encontrará nos ingredientes a gordura hidrogenada ou parcialmente hidrogenada.

Coloco abaixo o rótulo de uma Sopa sabor Ervilha com Bacon (industrializada) e os ingredientes.


Ingredientes no rótulo: mistura de macarrão, farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, amido, sal, gordura vegetal hidrogenada, frango, vegetais desidratados, proteína hidrolisada de soja, especiarias, realçador glutamato monossódico e inosinato dissodico. Contém glúten.

O excesso de colesterol, gordura saturada e gorduras trans são três coisas diferentes - e delas, a trans é a pior em termos de risco para a saúde.

20/07/2011

Abacate faz mal?

Mitos sobre alimentação 4




Em países como Inglaterra, Alemanha, México, Chile, França, e no próprio Oriente Médio, o abacate é consumido como um autêntico alimento, principalmente sob a forma de saladas, temperado com sal, azeite e condimentos diversos. No Brasil, é consumido sob a forma de sobremesa, cremes ou vitaminas.

Esta fruta, por muitos anos condenada por médicos e nutricionistas, apresenta alta quantidade de ácido graxo monoinsaturado, o ácido oléico. Os ácidos graxos monoinsaturados têm sido amplamente estudados, demonstrando efeitos importantes na prevenção e tratamento das dislipidemias, ligadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O óleo de abacate assemelha-se muito com o óleo de oliva pela similaridade de suas propriedades físico-químicas e, principalmente, pela composição do ácido graxo oléico, presente no azeite de oliva.

O abacate apresenta também componentes biologicamente ativos como os fitoesteróis, substâncias capazes de inibir a absorção e síntese de colesterol e até mesmo prevenir o câncer.  O beta-sitosterol é um fitoesterol com estrutura química parecida com a do colesterol e atua na modulação do cortisol por equilibrar a razão cortisol/DHEA, especialmente após o exercício.

Assim como o abacate, o Avocado (outra variedade) apresenta na sua composição (além do ácido oléico), vitaminas A, C, E, B6, minerais como fósforo, potássio, magnésio, coenzima Q10 (importante componente da fosforilação oxidativa da mitocôndria) além de conter, em média, 76mg/100g de beta-sitosterol. Além da ação dos fitoesteróis na redução dos níveis plasmáticos de colesterol total e LDL – colesterol há estudos que evidenciam sua ação antiinflamatória, imunomoduladora e hipoglicêmica.

O que muitas vezes acontece com a população é a restrição de gorduras e sua substituição por carboidratos como sacarose e frutose que, em grandes concentrações, pode levar a hipertrigliceridemia, responsável por disfunções vasculares; ao estresse oxidativo e alterações no metabolismo energético cardíaco. Estudo com pacientes diabéticos e dieta contendo abacate diminuiu os níveis de glicemia.

A sugestão que deixo é usar o abacate em saladas, fazer molhos, usar como acompanhamento de carnes e até mesmo em sucos. Quem não conhece o famoso guacamole! Sugiro EVITAR seu uso com leite condensado, creme de leite, açúcar. Isso sim faz do abacate um alimento calórico!!


Curiosidade: O beta-sitosterol do abacate pode atuar no combate ao estresse por meio da redução dos níveis de cortisol e na regulação do apetite, contribuindo até com a perda de peso.  

Outras fontes de beta-sitosterol: oleaginosas e unha de gato (cat´s claw).

Mais estudos são necessários para evidenciar o potencial terapêutico desta fruta no controle das dislipidemias e como alternativa às outras fontes conhecidas de ácido oléico

Cortisol é um hormônio corticosteróide produzido pela glândula supra-renal que está envolvido na resposta ao estresse entre outros.

SOARES, H.F.; ITO, M.K. O ácido graxo monoinsaturado do abacate no controle das dislipidemias. Revista Ciência Médica, 9(2):47-51, 2000.
OSTLUND, R.E.; RACETTE, S.B.; STENSON, W.F. Inhibition of cholesterol absorption by phytosterol-replete wheat germ compared with phytosterol-depleted wheat germ. Am J Clin Nutr 77(6):1385-1589, 2003.
MAGUIRE, L.S.; O´SULLIVAN, S.M.; GALVIN, K. et al. Fatty acid profile, tocopherol, squalene and phytoesterol content of walnuts, almonds, peanuts, hazelnuts and the macadamia nut. Int j Food Sci Nutr; 55(3);171-8, 2004.

18/07/2011

Toda gordura é ruim?

Mitos sobre alimentação 3

Achar que toda gordura é ruim.

As gorduras são fonte de energia concentrada, atuam como transportadores das vitaminas lipossolúveis, exercem importante papel na manutenção, função e integridade das membranas celulares, formação de hormônios e na transmissão de impulsos nervosos.
 O colesterol é matéria-prima para a elaboração de sais biliares e hormônios esteróides, é componente essencial das membranas celulares sendo o principal componente do cérebro e células nervosas.  O colesterol pode ser de origem endógena e exógena. O colesterol está presente somente em alimentos de origem animal. Fique atento com os óleos vegetais que dizem que são isentos de colesterol.

As gorduras saturadas são sólidas à temperatura ambiente, como a gordura de origem animal, presente nas carnes, nata, creme de leite, banha, toucinho, bacon, manteiga. As gorduras insaturadas, líquidas na mesma temperatura, estão presentes mais em alimentos de origem vegetal e são divididas em monoinsaturadas (ômega-9) e poliinsaturadas (ômega-3 e ômega-6).

 O ômega-3 também está presente em peixes de águas frias e salgadas como a sardinha, salmão, arenque, cavala. O ômega-6 está presente nos óleos vegetais como o de soja, milho, girassol, algodão, amendoim. Tanto o ácido graxo ômega-3 quanto o ômega-6 são necessários para biossíntese de eicosanóides (prostaglandinas, tromboxanos, leucotrienos). O ômega-9 (ácido oléico) está presente em oleaginosas, sementes e óleo de oliva. Já o ômega-7 está presente nas sementes e óleo de macadâmia. 

 Os ácidos graxos ômega-3 e seus derivados EPA (ácido eicosapentaenóico) e DHA (ácido docosaexaenóico) são importantes na prevenção de doenças coronarianas, hipertensão, diabetes, artrite reumatóide, doenças auto-imunes e inflamatórias, câncer, depressão etc.

 O óleo de linhaça é rico nos três ácidos graxos citados acima (ômega-3, 6 e 9), porém a fonte de ômega-3 está na forma vegetal de ácido alfa-linolênico, que depois será transformado no organismo nos ácidos graxos EPA e DHA, que também vêm dos peixes.  

 A gordura trans é a gordura hidrogenada, a grande vilã. Ocorre adição de hidrogênio aos óleos vegetais líquidos para que se tornem semi-sólidos e mais estáveis. O consumo crônico de gordura trans e de óleos vegetais que fornecem alta quantidade de ômega-6 contribui para um estado inflamatório que desequilibrará o mecanismo da insulina, levando ao diabetes tipo 2, dislipidemias e risco de doenças cardiovasculares, aumentando a propensão de agregação de plaquetas nas paredes internas das artérias. As fontes principais de gordura trans são as margarinas, gordura vegetal hidrogenada, frituras comercializadas, produtos de panificação, lanches salgados, sorvetes, bolachas recheada, biscoitos salgados, produtos congelados, etc.  

 Nossa dieta, tipicamente Ocidental, contém uma quantidade excessiva de ácidos graxos saturados, trans e poliinsaturados da série ômega-6, enquanto é deficiente em ácidos graxos da série ômega-3 e ômega-9. Uma alimentação rica em ácidos graxos ômega-3 e ômega-9 é uma alimentação antiinflamatória com ação sobre a melhora da sensibilidade à insulina nos tecidos muscular, hepático e adiposo, ação na hipertrigliceridemia, diabetes, obesidade, câncer, desordens de pele, prevenção do câncer e depressão. Já os ácidos graxos trans inibem a utilização pelo organismo dos ácidos graxos ômega-3, 6 e 9, por ocuparem o mesmo espaço e não exercerem as mesmas funções, danificando as membranas celulares.

As dietas ocidentais são consideradas potencialmente inflamatórias devido ao seu conteúdo elevado de ácidos graxos ômega-6, em detrimento dos ácidos graxos ômega-3. Atualmente, a relação ômega-6/ômega-3 é de 15:1, podendo ser até maior. Segundo a recomendação das DRI´s de macronutrientes, uma relação adequada é de 1:1. Porém a Organização Mundial de Saúde recomenda uma relação de 5:1 a 10:1.  

Portanto, aliado a um estilo de vida saudável, os ácidos graxos essenciais ômega-3, ômega-6 e ômega-9 são utilizados na prevenção e tratamento de diversos problemas de saúde. Devemos ficar atentos ao tipo de alimento e ao tipo de gordura que ingerimos.


Curiosidade: você sabia que a gordura vicia assim como as drogas ilícitas como cocaína e heroína? Isso ocorre pois drogas como a cocaína ou alimentos gordurosos estimulam a liberação de dopamina. Com ela em excesso, o organismo se defende reduzindo o número de receptores para dopamina. Após a redução dos receptores, o organismo fica menos sensível, ou seja, necessita de quantidades de gordura cada vez maiores para que o cérebro se sinta saciado. Se a redução nos receptores continuar, o vício se instala.

JOHNSON, P.M.; KENNY, P.J. Dopamine D2 receptors in addiction-like reward dysfunction and compulsive eating in obese rats. Nature Neuroscience; 13:635-641, 2010.
CARREIRO, D.M. Entendendo a Importância do Processo Alimentar – 2 Edição Edição. São Paulo, SP, 2007.

12/07/2011

Ovo aumenta o colesterol?

Mitos sobre alimentação 2 



Por muito tempo o ovo foi considerado grande causador de doenças cardiovasculares, associado com o excesso de gordura, colesterol e calorias da dieta americana. Durante esse tempo, com o objetivo de reduzir o risco cardíaco, houve a recomendação para se limitar a ingestão de ovo.  Porém há estudos que mostram que o ovo não está associado com aumento do colesterol sérico.

 O colesterol é uma substância importante no nosso organismo, encontrada em todas as membranas das células, atuando na síntese dos hormônios testosterona, estrógenos, cortisol e vitamina D. O colesterol presente no sangue é uma somatória do colesterol endógeno e exógeno. O colesterol endógeno contribui com aproximadamente 70% do total e o exógeno (adquirido através da alimentação) com aproximadamente 30%. A fração LDL-colesterol é a fração conhecida como “ruim” e a HDL-colesterol conhecida como a “boa”. O que não pode haver é a oxidação da fração LDL-colesterol, que contribui para a formação da placa aterosclerótica e para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

O ovo é uma excelente fonte de importantes nutrientes: proteína de alto valor biológico, vitaminas (B2, B6, B9, B12, A, D, E, K, colina), minerais (zinco, cálcio, selênio, fósforo, ferro), aminoácidos e lecitina. 

A colina, que é um membro do grupo das vitaminas do complexo B hidrossolúveis e está presente na gema do ovo, tem atividade neurológica, atuando na memória, intelectualidade, na saúde óssea, desenvolvimento fetal, prevenção de Alzheimer e câncer. Outras fontes de colina: semente de mostarda, germe de trigo tostado, lecitina de soja, couve-flor, brócolis. A lecitina também encontrada na gema produz quatros tipos de fosfolipídios: fosfatidiletanolamina, fosfatidilserina, fosfatidilcolina e fosfatidilinositol que atuam na melhora da memória, depressão, distúrbios de atenção, ansiedade e agressividade.

Estudo de 2008 realizado com 28 homens com sobrepeso evidenciou que dieta restrita em carboidratos e acrescida de ovos diminuiu a concentração de proteína-C reativa (marcador inflamatório) e aumentou a concentração de adiponectina plasmática (hormônio peptídico antiinflamatório e antiaterogênico) quando comparado ao grupo que recebeu dieta restrita em carboidratos e sem ovos. O trabalho evidenciou papel dos ovos na elevação da concentração de HDL-c e a atividade antioxidante e antiinflamatória da luteína na redução da inflamação.  

O que NÃO deve acontecer é consumir ovo FRITO. Ovo caipira é o recomendado. São mais resistentes à salmonela e são mais nutritivos. Possuem seis vezes mais betacaroteno e três vezes mais vitamina A que o ovo comum. O melhor é comer ovo caipira cozido, quente ou pochê.
O ovo deve fazer parte da dieta da maioria da população, com exceção daqueles que apresentam alguma intolerância ou alergia individual.

Curiosidade 1: Você sabia que na clara do ovo contém albumina, uma proteína de difícil digestão?
Curiosidade 2: O consumo de substâncias bioativas antioxidantes e compostos fenólicos atua na diminuição da oxidação da LDL-colesterol.

Joseph, C.; Ratliff, J.C.; Mutungi, G.; Puglisi, M.J. Eggs modulate the inflammatory response to carbohydrate restricted diets in overweight men. Nutrition & Metabolism; 5:6, 2008.

11/07/2011

Adoçante não engorda?

Preparei uma seqüência de posts para falar sobre alguns mitos da alimentação. Alimentos bons, outros nem tanto. Situações boas, outras que poderiam melhorar.  


Mitos sobre alimentação 1

  Usar adoçante por achar que não engorda


Classificados como sintéticos (aspartame, sacarina, ciclamato, acessulfame-K e sucralose) e ainda como edulcorantes naturais (frutose, manitol, sorbitol, estévia e xilitol) possuem uma grande capacidade de reduzir a densidade energética de bebidas, chegando a zero caloria, o que é menos fácil de se alcançar com alimentos sólidos ou semi-sólidos. Os adoçantes se ligam aos receptores para o sabor doce na língua e provocam uma produção de dopamina (neurotransmissor cerebral que atua promovendo, entre outros efeitos, a sensação de prazer) que dura pouco mais de alguns segundos, enganando o organismo. Já a sacarose, por estimular a produção de insulina, pode levar a uma liberação mais duradoura e cumulativa de dopamina. Porém dietas ricas em sacarose podem levar à resistência a insulina e leptina no hipotálamo, bloqueando os sinais fisiológicos dos hormônios da saciedade. A frutose também é considerada uma toxina ambiental. Alguns pesquisadores evidenciaram que a ingestão de frutose foi considerada um fator de risco para doença renal.

Outra consideração a fazer é que os rótulos dos alimentos não informam corretamente ao consumidor a quantidade de adoçantes artificiais presentes nesses produtos, o que impossibilita saber se a ingestão diária dos edulcorantes estaria sendo excessiva ou não e se a saúde do consumidor estaria em risco.  Os adoçantes artificiais como o ciclamato e a sacarina possuem altas doses de sódio que, em excesso, podem causar retenção de líquidos e aumentar a pressão sanguínea.

Se a energia é removida da dieta substituindo o açúcar pelo adoçante, o organismo recorre a um sistema de compensação comendo mais em ocasiões seguintes. Desta maneira, estudos mostram que os adoçantes podem contribuir ainda mais para o desenvolvimento da obesidade.

Gosto de ressaltar que produtos artificiais podem não contribuir para uma boa saúde. Atuam como xenobióticos e contribuem ainda mais para o ganho de peso sobrecarregando o sistema hepático de destoxificação, interferem na função da tireóide e no metabolismo energético, desregulam os mecanismos de fome-saciedade, são cancerígenos entre outros.

A solução seria reduzir a utilização de açúcares e adoçantes artificiais em bebidas, bem como a ingestão de bebidas industrializadas já adoçadas. Com isso, passamos a educar nosso paladar e a sentir o sabor do alimento antes de adicionar os edulcorantes.

Através de uma reeducação alimentar adequada pode-se reduzir o consumo de alimentos adoçados artificialmente, evitar possível ganho de peso e com isso, garantir uma melhora na qualidade de vida.

Curiosidade: Você sabia que a sucralose, adoçante derivado da cana-de-açúcar pode ser considerada bociogênica e também geradora de radicais livres?





SWITHERS, S.E.; DAVIDSON, T.L. A role for sweet taste: calorie predictive relations in energy regulation by rats. Behav Neurosci; 122(1):161-73, 2008.

05/07/2011

O que é o Glúten?

Apesar de estar na mídia, aparecer em revistas e reportagens de TV ainda há muitas pessoas com dúvidas sobre o que é a doença celíaca, o que é a intolerância ao glúten, quais alimentos apresentam glúten na sua composição e quais as conseqüências ao organismo. Claro que é um assunto amplo, para ser falado aos poucos.  

O glúten é composto por dois grupos de proteínas, a gliadina e a glutenina, encontradas no endosperma de alimentos como o trigo, centeio, cevada, malte e aveia. O glúten é quem dá elasticidade, viscosidade e maciez na massa, fazendo-a crescer.

Vou começar com um exemplo que acontece com a maioria das pessoas, diariamente.

No café da manhã, por exemplo, comemos pão francês ou pão de forma. De lanche da manhã comemos biscoito salgado ou barrinha de cereal. Almoçamos macarrão, lasanha. De tarde, lanchamos bolo, bolacha recheada. E no jantar: sanduíche, pizza ou torta, acompanhado de cerveja. Ou seja, exageramos no consumo de alimentos com glúten.


Desta forma, por apresentar proteína de difícil digestão, o glúten pode ativar o sistema imune e causar várias reações que se manifestam em diversos sintomas no organismo. A fração protéica gliadina é a responsável pelas manifestações de sensibilidade ao glúten e pode ocorrer por vários fatores. Um deles á a ausência ou insuficiência de enzimas capaz de digerir a gliadina. Ou mesmo a ação citotóxica do glúten e a agressão das vilosidades intestinais pela ação da proteína lectina.  

Os sintomas de intolerância ao glúten são inúmeros e podem estar presentes nas alergias ao glúten mediadas por IgG ou alergias tardias, sem necessariamente apresentar o diagnóstico específico da doença celíaca. O mecanismo imunológico da intolerância ao glúten é diferente da doença celíaca, porém causando tanto ou mais problemas.  

A doença celíaca ou Enteropatia Sensível ao Glúten (ESG) é uma predisposição genética associada a hábitos alimentares que causa uma diminuição da capacidade de absorção de nutrientes no intestino (por irritação da mucosa intestinal), por isso seus sintomas são comuns a outras doenças causadoras de má absorção intestinal. Há 3 formas de apresentação da doença celíaca: a clássica, a atípica e a silenciosa. Há casos em que o indivíduo apresenta sintomas leves (forma atípica) ou nenhum sintoma (forma silenciosa), e a doença celíaca acaba sendo subestimada e subdiagnosticada.

Como acontece o processo de inflamação da mucosa:

1.                    Depois de ingerido, o glúten é quebrado
2.                    Um dos produtos da quebra, a gliadina, penetra a parede do intestino delgado
3.                    A partir daí sofre a ação da enzima transglutaminase
4.                   Com os terminais ácidos glutâmicos carregados negativamente, o produto da ação da transglutaminase adere ás células apresentadoras de antígenos
5.                    Inicia-se um processo inflamatório com liberação de citocinas que causam a lesão intestinal responsável por agredir as vilosidades do intestino delgado. As vilosidades são responsáveis pela absorção dos nutrientes.


São inúmeros os problemas causados pelo uso excessivo de glúten na alimentação.

As principais doenças relacionadas são as doenças auto-imunes como tireoidite de Hashimoto, esclerose múltipla, artrite reumatóide, diabetes tipo-1, entre tantas outras como síndrome da má absorção, ansiedade, depressão, diarréia, osteoporose, anorexia, obesidade, infertilidade, perda da musculatura, hiperatividade, transtorno de déficit de atenção, disfunção cognitiva, esteatose hepática não-alcoólica, esteatorréia, distensão abdominal, anemia não responsiva ao ferro, alteração do ciclo menstrual, unhas e cabelos quebradiços, hipoglicemia, hiperatividade, entre outros.

Estudo de 2009 demonstrou que pacientes com hipersensibilidade ao glúten, porém sem manifestação da doença celíaca, podem apresentar disfunções neurológicas como: desregulação do sistema nervoso autônomo, hipotonia, distúrbios de aprendizagem, depressão, enxaqueca e dores de cabeça.

Há pessoas que são dependentes deste alimento alergênico e o buscam freqüentemente, como um vício. 
A proteína mal digerida pode formar substâncias chamadas de ‘opióides like’, ou seja, elementos que agem como drogas no organismo. Um exemplo é a gluteomorfina, derivado do glúten. Esta substância pode ocupar o receptor de neurotransmissores e mudar suas ações, causando excitação cerebral, prazer e até euforia, para num momento posterior causar depressão, entre outros sintomas, estabelecendo uma relação de dependência. Outro exemplo de ‘opióide like’ é a caseomorfina. O raciocínio é o mesmo da gluteomorfina, só que a caseína é aquela proteína do leite, lembra!? O excesso de glúten também teria impacto negativo sobre a tensão pré-menstrual (TPM), estimulando a compulsão alimentar característica desta fase.

Já que o nosso país oferece grande variedade de alimentos como a mandioca, arroz, milho, batata doce, inhame, que tal fazermos uso deles com mais freqüência!? Há também uma grande variedade de farinhas que pode substituir a farinha de trigo, centeio, cevada, malte. São elas: a farinha de arroz, farinha de mandioca, polvilhos doce e azedo, amido de milho, fécula de batata, fubá, araruta, tapioca, trigo sarraceno, quinua, amaranto, farinha de amêndoa.  

Claro que com a variedade de receitas e oferta de produtos sem glúten no mercado, não podemos nos alimentar somente destes produtos. É preciso ter em mente que o uso contínuo de farináceos pode causar outros problemas, como a obstipação intestinal e a própria intolerância alimentar. Portanto, nada como bom senso, equilíbrio e um bom profissional para orientar. Consuma alimentos de boa procedência e não se esqueça das frutas, legumes, verduras, ovos, peixes, naturalmente sem glúten

O que mais vejo são as intolerâncias ao glúten. E neste caso, é preciso dessensibilizar o organismo, em conjunto com outras medidas nutricionais, para que depois o indivíduo volte a tolerar a proteína mal digerida. Na doença celíaca, a solução é a exclusão.  

De qualquer forma, é importante uma avaliação individual com um profissional antes de tomar qualquer decisão nutricional.


FORD, RP. The gluten syndrome: a neurological disease. Med Hypotheses; 73(3):438-40, 2009.
CARREIRO, DM. Alimentação, problema e solução para Doenças Crônicas. São Paulo, 2007.