18/07/2011

Toda gordura é ruim?

Mitos sobre alimentação 3

Achar que toda gordura é ruim.

As gorduras são fonte de energia concentrada, atuam como transportadores das vitaminas lipossolúveis, exercem importante papel na manutenção, função e integridade das membranas celulares, formação de hormônios e na transmissão de impulsos nervosos.
 O colesterol é matéria-prima para a elaboração de sais biliares e hormônios esteróides, é componente essencial das membranas celulares sendo o principal componente do cérebro e células nervosas.  O colesterol pode ser de origem endógena e exógena. O colesterol está presente somente em alimentos de origem animal. Fique atento com os óleos vegetais que dizem que são isentos de colesterol.

As gorduras saturadas são sólidas à temperatura ambiente, como a gordura de origem animal, presente nas carnes, nata, creme de leite, banha, toucinho, bacon, manteiga. As gorduras insaturadas, líquidas na mesma temperatura, estão presentes mais em alimentos de origem vegetal e são divididas em monoinsaturadas (ômega-9) e poliinsaturadas (ômega-3 e ômega-6).

 O ômega-3 também está presente em peixes de águas frias e salgadas como a sardinha, salmão, arenque, cavala. O ômega-6 está presente nos óleos vegetais como o de soja, milho, girassol, algodão, amendoim. Tanto o ácido graxo ômega-3 quanto o ômega-6 são necessários para biossíntese de eicosanóides (prostaglandinas, tromboxanos, leucotrienos). O ômega-9 (ácido oléico) está presente em oleaginosas, sementes e óleo de oliva. Já o ômega-7 está presente nas sementes e óleo de macadâmia. 

 Os ácidos graxos ômega-3 e seus derivados EPA (ácido eicosapentaenóico) e DHA (ácido docosaexaenóico) são importantes na prevenção de doenças coronarianas, hipertensão, diabetes, artrite reumatóide, doenças auto-imunes e inflamatórias, câncer, depressão etc.

 O óleo de linhaça é rico nos três ácidos graxos citados acima (ômega-3, 6 e 9), porém a fonte de ômega-3 está na forma vegetal de ácido alfa-linolênico, que depois será transformado no organismo nos ácidos graxos EPA e DHA, que também vêm dos peixes.  

 A gordura trans é a gordura hidrogenada, a grande vilã. Ocorre adição de hidrogênio aos óleos vegetais líquidos para que se tornem semi-sólidos e mais estáveis. O consumo crônico de gordura trans e de óleos vegetais que fornecem alta quantidade de ômega-6 contribui para um estado inflamatório que desequilibrará o mecanismo da insulina, levando ao diabetes tipo 2, dislipidemias e risco de doenças cardiovasculares, aumentando a propensão de agregação de plaquetas nas paredes internas das artérias. As fontes principais de gordura trans são as margarinas, gordura vegetal hidrogenada, frituras comercializadas, produtos de panificação, lanches salgados, sorvetes, bolachas recheada, biscoitos salgados, produtos congelados, etc.  

 Nossa dieta, tipicamente Ocidental, contém uma quantidade excessiva de ácidos graxos saturados, trans e poliinsaturados da série ômega-6, enquanto é deficiente em ácidos graxos da série ômega-3 e ômega-9. Uma alimentação rica em ácidos graxos ômega-3 e ômega-9 é uma alimentação antiinflamatória com ação sobre a melhora da sensibilidade à insulina nos tecidos muscular, hepático e adiposo, ação na hipertrigliceridemia, diabetes, obesidade, câncer, desordens de pele, prevenção do câncer e depressão. Já os ácidos graxos trans inibem a utilização pelo organismo dos ácidos graxos ômega-3, 6 e 9, por ocuparem o mesmo espaço e não exercerem as mesmas funções, danificando as membranas celulares.

As dietas ocidentais são consideradas potencialmente inflamatórias devido ao seu conteúdo elevado de ácidos graxos ômega-6, em detrimento dos ácidos graxos ômega-3. Atualmente, a relação ômega-6/ômega-3 é de 15:1, podendo ser até maior. Segundo a recomendação das DRI´s de macronutrientes, uma relação adequada é de 1:1. Porém a Organização Mundial de Saúde recomenda uma relação de 5:1 a 10:1.  

Portanto, aliado a um estilo de vida saudável, os ácidos graxos essenciais ômega-3, ômega-6 e ômega-9 são utilizados na prevenção e tratamento de diversos problemas de saúde. Devemos ficar atentos ao tipo de alimento e ao tipo de gordura que ingerimos.


Curiosidade: você sabia que a gordura vicia assim como as drogas ilícitas como cocaína e heroína? Isso ocorre pois drogas como a cocaína ou alimentos gordurosos estimulam a liberação de dopamina. Com ela em excesso, o organismo se defende reduzindo o número de receptores para dopamina. Após a redução dos receptores, o organismo fica menos sensível, ou seja, necessita de quantidades de gordura cada vez maiores para que o cérebro se sinta saciado. Se a redução nos receptores continuar, o vício se instala.

JOHNSON, P.M.; KENNY, P.J. Dopamine D2 receptors in addiction-like reward dysfunction and compulsive eating in obese rats. Nature Neuroscience; 13:635-641, 2010.
CARREIRO, D.M. Entendendo a Importância do Processo Alimentar – 2 Edição Edição. São Paulo, SP, 2007.

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